Vallourec mira novos mercados na América do Sul
A Vallourec espera fechar novos negócios em, pelo menos, seis países da América do Sul nos próximos três meses. Detentora de oito unidades industriais no Brasil, de onde exporta produtos de diâmetros e graus de aços diferentes para o Sudeste Asiático, Oriente Médio, África e América do Sul, a companhia pretende intensificar o posicionamento estratégico do país para expandir sua atuação comercial na região.
Até o final de 2023, a Vallourec prevê a conclusão do processo de transferência de sua planta industrial na Alemanha para o Brasil, onde iniciará, em breve, a fabricação de tubos de 18 5/8 polegadas. De acordo com Bruno Gontijo, gerente executivo de negócios OCTG – América do Sul, é da integração das atividades no país que a empresa extrai o seu diferencial competitivo.
Diante do cenário de instabilidade geopolítica, o executivo afirma que os clientes precisam manter suas atividades de E&P com um fornecedor “near shore”, a fim de reduzir os custos de produção e os riscos de disrupção das cadeias logísticas de suprimento. “Temos um grande volume de negócios, por exemplo, na Guiana e Colômbia. Somente a Vallourec consegue atendê-los diretamente do Brasil”, garante Gontijo.
Recentemente, a companhia fechou um contrato 10 anos com a ExxonMobil, na Guiana, para fornecer produtos Line Pipe. No Suriname, mira novos negócios a partir de 2024. Já no Brasil, fabricou os tubos de aço sem costura até 14 polegadas para os projetos de Peregrino e Bacalhau, operados pela Equinor. Neste último, um dos campos mais desafiadores do pré-sal no que se refere à pressão, a Vallourec entregou tubos feitos a partir de um processo especial, que conferiu um alto padrão de resistência e robustez ao material. “Os tubos que fizemos para Bacalhau são o crème de la crème”, disse o executivo.
No onshore brasileiro, a revitalização de campos maduros permitiu à empresa diversificar seu relacionamento comercial e reduzir os riscos de depender de apenas uma contratante – no caso, a Petrobras. “Nossa carteira em 2022 se igualou aos níveis de 2014. É preciso considerar que temos uma perspectiva bem positiva para os próximos anos, considerando as projeções de produção de petróleo no Brasil”, afirmou Gontijo.
“Green Pipe”, o tubo com raiz
Presente há 70 anos no Brasil, a Vallourec instalou suas fábricas em Minas Gerais, onde abundam depósitos de minério de ferro e são plantadas as florestas de eucalipto que produzem o carvão vegetal, utilizado como combustível nos altos-fornos. A matriz energética brasileira, por sua vez, uma das mais limpas e renováveis do planeta, confere, no final das contas, menor emissão de CO2 equivalente por tonelada de aço produzido.
Em busca do “green pipe”, a companhia desenvolveu a patente de um equipamento que mitiga as emissões de gases de efeito estufa. Um já está pronto, serão fabricados mais três. A meta é atingir 30 unidades até 2030. “É praticamente um forno automático onde colocamos, no topo, o eucalipto cortado. Embaixo, sai o carvão vegetal. Todos os gases gerados são retroalimentados dentro deles. As emissões vão despencar”, pontuou o executivo.
As principais operações da Vallourec focadas no setor de óleo e gás estão em Minas Gerais, nas unidades Barreiro e Jeceaba, onde são produzidos os tubos de aço sem costura. A empresa possui, ainda, a Vallourec Tubular Solutions (VTS), com filiais em Rio das Ostras (RJ) e em Serra (ES), que presta serviços especializados para O&G, e a Vallourec Tubos para Indústria (VTI), com linhas de produção em Minas Gerais e em São Paulo, que fornece tubos de aço com e sem costura e soluções tubulares para a indústria em geral.
A unidade Florestal é responsável pela produção do carvão vegetal que abastece o alto-forno, enquanto a unidade Mineração supre as necessidades internas de abastecimento de minério de ferro.
No que diz respeito à transição energética, a Vallourec está agrupando suas ofertas sob uma nova marca e nome comercial, a Vallourec® New Energies, para atender os mercados de CCUS, geotermal, hidrogênio e solar. Atualmente, a empresa está estudando formas de atender o mercado de estocagem de carbono no Brasil, uma atividade que requer profundo conhecimento em seleção de materiais.
Por Felipe Salgado – Em 24/10/2022 – Editora Brasil Energia